Em gestão de portfólio essa é uma dúvida muito comum. O melhor portfólio é aquele ativo ou passivo? Não existe uma resposta correta. É comum pensar que o portfólio ativo, através do stock picking, é mais rentável a longo prazo. Porém, também é possível utilizar instrumentos passivos com estratégias ativas.
Nesta pesquisa foi utilizado apenas investimentos no Brasil, sendo eles ações e ETFs. Foram selecionados sete ETFs de acordo com sua diversificação de ativos, buscando a menor correlação entre os mesmos. Já na parte ativa do portfólio, foram selecionadas quinze empresas de acordo com sua classificação subsetorial, buscando a menor correlação entre os ativos.
Os ETF’s selecionados são: DIVO11, BOVA11, IVVB11, SMAL11, PIBB11, ECOO11 e FIND11. Já as ações escolhidas foram: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BB Seguridade, Porto Seguro, Taesa, Eletrobrás, Transmissão Paulista, Engie, Sanepar, Sabesp, M Dias Branco, Ambev, Hypera, Raia Drogasil.
Ambos os portfólios são mais conservadores, sem trazer grandes riscos aos investidores. Não foram utilizados instrumentos de renda fixa, já que a intenção é mensurar qual a melhor alocação de ativos exclusivamente na renda variável. Para esse estudo foi utilizado um aporte único de R$ 100.000,00, em 10/06/2014, com análise de rentabilidade até o dia 22/03/2021, exatos 2.477 dias, que equivale a aproximadamente 81 meses.
A imagem 1 representa o comparativo entre os sete ETFs selecionados, desde o início do aporte. Neste período, o ETF IVVB11, que replica o índice S&P500, obteve a maior rentabilidade acumulada. Já o ETF DIVO11, que replica o índice IDIV, obteve a menor rentabilidade acumulada.
Imagem 01: Comparativo ETF’s
Fonte: TradingView
A Asset Allocation do portfólio foi realizada visando evitar grande concentração em determinados setores, apesar das opções disponíveis no Brasil serem limitadas, reduzindo a chance de melhor diversificação da carteira.
Imagem 2: Composição do Portfólio de ETF’s
Fonte: Elaboração Própria
Essa alocação selecionada ultrapassou com folga os seus benchmarks, o Ibovespa e o CDI, conforme a imagem 3. A carteira teve uma rentabilidade total de 172,89%, em aproximadamente 6,7 anos, com uma rentabilidade média anual de 16,16%. Os 100 mil investidos inicialmente, se tornaram R$ 269.319,96. A carteira de ETFs é simples de ser montada e mesmo assim, traz uma boa rentabilidade a longo prazo.
Imagem 3 - Rentabilidade Portfólio x Benchmarks
Fonte: Elaboração Própria
De forma mais detalhada, a rentabilidade total de 172,89%, equivale a 234,67% do CDI do período, com uma rentabilidade real - descontada a inflação, IPCA - de 91,91%, criando muito valor para o investidor.
Partindo para análise do portfólio de ações, a imagem 4 apresenta o comparativo entre as quinze empresas selecionadas. A ação que mais acumulou rentabilidade no período estudado foi a TRPL4 da Transmissão Paulista. Já a ação com menor rentabilidade foi a TAEE11 da Taesa.
Imagem 4: Comparativo Ações
Fonte: TradingView
A alocação escolhida para os ativos buscou tornar a carteira mais conservadora, evitando muita exposição ao risco. Abaixo temos a alocação subsetorial da carteira, além da alocação individual de cada ativo.
Imagem 5 - Composição Subsetorial do Portfólio
Fonte: Desenvolvimento Próprio
Imagem 6: Composição do Portfólio de Ações
Fonte: Elaboração Própria
A carteira teve uma rentabilidade total de 389,14%, em aproximadamente 6,7 anos, com uma rentabilidade média anual de 26,74%. Os 100 mil investidos inicialmente, se tornaram R$ 423.571,55. Desse montante total, R$ 65.572,48 são referentes a proventos creditados diretamente na conta corrente. Esses mesmos 100 mil investidos inicialmente, resultam em um dividendo médio mensal de R$ 809,54, equivalente a um Dividend Yield On Cost de 9,71%, sem contabilizar a variação do ativo.
Imagem 7 - Rentabilidade Portfólio x Benchmarks
Fonte: Elaboração Própria
De forma mais detalhada, a rentabilidade total de 389,14%, equivale a 528,07% do CDI do período, com uma rentabilidade real - descontada a inflação, IPCA - de 243,99%, criando muito valor para os acionistas.
Por fim, a imagem 8 compara a rentabilidade acumulada dos ETFs e das ações.
Imagem 8: Comparativo Portfólio ETF’s x Ações
Fonte: Elaboração Própria
Nesse gráfico é possível ver claramente que a carteira de ações supera longe a carteira de ETFs. No longo prazo, o stock picking torna-se mais vencedor que uma carteira passiva de ETFs. Porém, não podemos analisar apenas dessa maneira. Para um investidor profissional, possuir maior parte da sua carteira em stock picking é mais viável, porém, para o investidor comum, torna-se mais viável o investimento passivo, pelo menos até o investidor possuir mais experiência e conhecimento técnico.
Por fim, a diversificação do patrimônio é essencial para qualquer investidor. Um investimento não exclui o outro. Em uma carteira ideal, o investidor deverá possuir os dois tipos de ativos. Tanto ações, como ETFs, na proporção da sua experiência e do seu conhecimento técnico, podendo, ainda, realizar movimentações ativas através de instrumentos passivos, como os ETFs. Não existe uma resposta certa.