Há cerca de 20 anos, quando começaram as tratativas para a fusão da então Metalciclo, de Rio do Sul, com a Selle Royal, da Itália, a insistência de Milton Hobus fez com que a sede fosse instalada na capital do Alto Vale. “Eles queriam que a gente colocasse a fábrica em Curitiba. Eu disse: não! Se vocês quiserem fazer a sociedade comigo, vai ter que ser em Rio do Sul. Uma coisa meio estranha de os europeus entenderem porque Curitiba é muito mais centralizada, com um centro de logística muito menor, com menos custo, mas nós insistimos em fazer aqui e hoje somos competitivos com o mundo daqui de Rio do Sul”, conta Milton, presidente da Royal Ciclo e vice-presidente do grupo Selle Royal para a América Latina.
“A única grande fábrica de pedal de bicicleta que ainda subsistiu aos asiáticos foi a nossa. Todas as outras, dos outros continentes, foram engolidas pelos asiáticos: fábricas da China, Indonésia, Taiwan... E hoje a gente produz mais de um milhão de pares de pedal por mês, com a nossa gente aqui de Rio do Sul”, destaca, com orgulho.
A história da empresa iniciou ainda no início do século passado, com a família Hubsch. “Eles começaram em 1908, fabricando peças de bicicleta. Também fabricaram a bicicleta Pátria por um tempo. Depois, se tornou a Metalciclo e nós acabamos assumindo a fábrica em 1985, eu com o Horst Bremer, empreendedor visionário e com quem eu tive toda a minha infância, adolescência e juventude como colaborador da H Bremer”, afirma Milton.
“Começamos um grande desafio com uma empresa pequena, fabricante de peças já obsoletas, e transformamos a Metalciclo numa grande empresa, como é hoje. Depois, com a sociedade com a Selle Royal, da Itália, se transformou em Royal Ciclo e hoje é a maior fábrica de componentes de bicicleta da América Latina e isso tudo aqui em Rio do Sul”, conta.
“Nós somos bairristas e que bom que a gente é assim, tantos empreendedores rio-sulenses são assim. E a gente consegue – quando se tem conhecimento, investimento estratégico e tecnologia - processos produtivos de excelência. Temos uma mão de obra fantástica, o povo é muito trabalhador, empenhado, e isso faz a diferença. Por isso nós insistimos em Rio do Sul”, destaca o empresário. “A força da nossa cidade é feita pelos rio-sulenses, pelos bairristas que teimaram e empreenderam aqui em Rio do Sul com todas as adversidades que nós temos”.
“Cada vez que a gente sai pra uma viagem internacional, a maioria a trabalho, a gente fica feliz quando volta. É aqui que temos a vida, os negócios, os colaboradores, que fazem parte da grande família Royal Ciclo, que são mais de 300, e isso é a nossa vida. Que bom que a gente tem esse cantinho do céu chamado Rio do Sul, que é o aconchego da nossa vida”, diz ele. “Eu sou um cidadão otimista por natureza. O que a gente tem que fazer é planejar, olhar sempre o mais longe possível. Quando a gente enxerga longe, a gente faz melhor. Administra o hoje com o olhar no amanhã”, afirma Milton.
“Tive a grande honra de ser prefeito e quando a gente falava em Rio do Sul do futuro, não era só uma obra, um elevado, uma avenida, era muito além disso. Era educação empreendedora, para preparar nossos jovens para o mercado de trabalho. E nós temos aqui indústrias consolidadas, com comércio forte, prestação de serviço forte, é tudo o que precisa para uma cidade ir bem. É um dos municípios catarinenses com menor número de desempregos. Rio do Sul está se preparando bem para os próximos 90 anos”, destaca ainda o ex-prefeito.
“Temos uma base de empresas de excelência aqui em Rio do Sul e entorno, e isso é muito positivo, muito animador, nos dá uma perspectiva fantástica para o nosso futuro. Por isso eu continuo sempre acreditando, vou continuar investindo em Rio do Sul, porque é aqui que a gente vai continuar vivendo”, finaliza Hobus.